Curso Governança das Águas Subterrâneas: Desafios e Caminhos

O objetivo da capacitação é permitir que os(as) participantes compreendam o funcionamento dos aquíferos e como os instrumentos de gestão


Começou nesta terça-feira, 15 de agosto, o curso Governança das Águas Subterrâneas: Desafios e Caminhos. O objetivo da capacitação é permitir que os(as) participantes compreendam o funcionamento dos aquíferos e como os instrumentos de gestão previstos na Política Nacional de Recursos Hídricos podem ser aplicados para fomentar a proteção das águas subterrâneas. Esta é a terceira edição do curso, sendo a primeira realizada no formato presencial na sede da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), em Brasília (DF).

A capacitação é direcionada a técnicos e profissionais de órgãos gestores de recursos hídricos e de meio ambiente responsáveis pela implementação das políticas públicas de recursos hídricos e dos instrumentos de gestão. As aulas, que acontecerão até 18 de agosto, incluem questões teórico-práticas e estudos de caso sobre a gestão de recursos hídricos. A expectativa é contribuir para que os diversos atores sociais possam entender a importância das águas subterrâneas e compreender como os instrumentos de gestão hídrica podem ser utilizados para fomentar a gestão integrada das águas superficiais e subterrâneas.

Participaram da abertura do curso, realizada na manhã desta terça-feira, a superintendente de Planos, Programas e Projetos da ANA, Flávia Carneiro; a coordenadora de Capacitação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e do Setor de Saneamento da Agência, Vivyanne Melo; e a coordenadora do curso, professora Pilar Villar, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

A superintendente de Planos, Programas e Projetos, Flávia Carneiro, destacou a importância da gestão integrada dos recursos hídricos. “50% da população mundial é abastecida com água subterrânea, 70% dos alimentos produzidos no mundo têm como fonte a água subterrânea e para fazer a gestão integrada a gente precisa da água subterrânea.  Não tem como a gente conceder uma outorga sem conhecer o que tem desse recurso”, afirmou Flávia. “Conhecer a capacidade dos aquíferos, as suas limitações, melhorar o processo de outorga, são aspectos que vão dar segurança em cenários de mudanças climáticas e de fenômenos climáticos como o El Niño, que vai ser um desafio para os próximos anos”, completou a superintendente.

Já a coordenadora Vivyanne Melo relembrou que as águas subterrâneas foram o tema da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Dia Mundial da Água em 2022, com o slogan Tornando o Invisível Visível. “A gente precisa falar sobre o tema. Aqui na ANA temos cinco pessoas que olham para as águas subterrâneas, ainda que seja uma competência estadual. Na área de capacitação, para que a gente não deixe invisível, estamos sempre fazendo cursos com essa temática”, ressaltou.

A coordenadora ainda fez um paralelo entre as águas subterrâneas e a Psicologia, comparando as águas superficiais ao consciente e as águas subterrâneas ao subconsciente. “Assim como nosso subconsciente, as águas subterrâneas ficam em camadas profundas, têm conexões invisíveis, se conectam com os rios e lagos, muitas vezes afloram e, naturalmente, influenciam a nossa vida”, concluiu Vivyanne.

Para encerrar a abertura, a professora Pilar Villar destacou o papel da água subterrânea, principalmente para o abastecimento público. A pesquisadora ressaltou, ainda, que se estima que 90% dos poços que existem são irregulares. “Como você faz gestão? Como você controla o uso? Isso vai ter um impacto na água superficial também”, afirmou Villar. Para a professora da UNIFESP, o País já está atrasado no assunto da gestão de águas subterrâneas. “A gente precisa ter uma forma de incluir essas águas [na gestão], caso contrário nós corremos o risco de perder aquíferos [...]. E o custo disso é muito alto. Quando eu falo de custo, é em várias esferas: ambiental, porque essas águas são as grandes mantenedoras de ecossistemas; financeiro, porque você perde toda uma infraestrutura associada, que está atrelada a essas águas subterrâneas; e social, de pessoas que simplesmente não vão mais ter uma fonte hídrica, que é a base de reprodução da vida”, concluiu a professora.

O especialista em regulação de recursos hídricos e saneamento básico, Jorge Thierry Calasans, responsável pela organização do curso, relatou que esta turma da capacitação conta com 43 participantes brasileiros no formato presencial, além de 44 estrangeiros de El Salvador, México e Venezuela, os quais acompanham a transmissão on-line.

A programação do curso também inclui visitas monitoradas à Sala de Situação da ANA, que será apresentada pelo superintendente de Operações e Eventos Críticos, Joaquim Gondim; ao Centro de Memória da ANA, conduzida pela coordenadora do Centro de Documentação, Andréia Xavier; e ao Centro de Instrumentação da Agência, guiada pelo coordenador de Operação da Rede Hidrometeorológica, Matheus Marinho. O grupo também realizará uma saída de campo, no dia 17, com visitas ao Lixão da Estrutural, ao Rancho Paraná, ao Parque Nacional de Brasília e à Universidade de Brasília (UnB).

Assessoria Especial de Comunicação Social (ASCOM)
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
(61) 2109-5129/5495/5103

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