Países sofrem com escassez hídrica
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Especialista frisa que raiz do problema está na má gestão dos recursos e na falta de políticas públicas
A Semana Mundial da Água ocorre até hoje 1° de setembro em Estocolmo, na Suécia, marcada por eventos e pela mobilização de políticos, especialistas e agências da ONU em todo o mundo, com o intuito de alertar sobre a mudança climática, perda de biodiversidade e pobreza. Segundo estimativas do World Resource Institute (WRI), 25 países - que abrigam um quarto da população global - enfrentam um estresse hídrico extremamente alto, utilizando mais de 80% dos abastecimentos para irrigação, pecuária, indústria e necessidades domésticas.
Hoje, os cinco países que mais sofrem com escassez hídrica são Bahrein, Chipre, Kuwait, Líbano, Omã e Qatar. A situação é motivada pela baixa oferta, aliada à utilização doméstica. No Oriente Médio e no Norte da África, por exemplo, 83% da população está exposta a uma pressão hídrica elevada, comparado ao sul da Ásia, com 74% de exposição.
Até 2050, espera-se que um bilhão de pessoas vivam com o estresse hídrico extremamente elevado, mesmo que o mundo limite o aumento da temperatura global de 1,3 graus ºC para 2,4 graus ºC. Para o mesmo período, ainda é previsto que a procura pelo recurso hídrico aumente entre 20% e 25%.
Fernando Silva, sócio-fundador da PWTech, startup reconhecida pela ONU como referência no acesso à água potável em crises humanitárias, explica que a convivência em locais como esses expõe milhares de pessoas a doenças por veiculação hídrica e má qualidade de vida: “Água é sinônimo de vida, sendo fundamental tanto para higiene, saúde, cultivo e criação de gado, como para produção de eletricidade. A má gestão do recurso, em conjunto com crescimento populacional e econômico desenfreados, agrava uma situação difícil de remediar”, diz.
A pesquisa do WRI ainda mostra que resolver os desafios hídricos globais é mais barato do que se imagina, custando ao mundo cerca de 1% do PIB, ou 29 centavos por pessoa por dia, de 2015 a 2030. Hoje, no Brasil, para que a universalização do acesso à água potável e do saneamento básico seja realizada de maneira efetiva, é necessário que o Estado invista anualmente R$ 200,00 por habitante. Em regiões afastadas dos pólos industriais, o investimento não chega a R$ 50,00.
Segundo levantamento do Instituto Trata Brasil, 35 milhões de brasileiros não dispõem de água tratada e própria para uso, e 100 milhões não têm coleta de esgoto, limitando parte dos indivíduos a fontes alternativas, muitas vezes contaminadas.
Giovanna Montagner <giovanna@pressfc.com.br>