O lixo é um dos principais desafios desta década

E o Brasil tem uma grande responsabilidade neste enfrentamento.


*Por Saville Alves

O lixo é um dos principais desafios desta década e o Brasil tem uma grande responsabilidade neste enfrentamento. Somos o quarto maior produtor de lixo do planeta. De acordo com levantamento do World Wide Fund for Nature, são 82 milhões de toneladas produzidas por ano em nosso país.  

Por aqui, além do alto volume de resíduos gerados, temos ainda 50% da população sem acesso a saneamento básico, que inclui a coleta regular, segundo levantamento de 2021 do Instituto Trata Brasil. E quando falamos de descarte correto e destinação adequada, a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública) reforça que nós ainda possuímos 2500 lixões a céu aberto e um índice de reciclagem de somente 4%. Essa quantidade acende um alerta sobre nossa atuação contra os impactos socioambientais. Afinal, lixo é indicador de pobreza, desigualdade e afeta desde a dignidade até saúde fisiológica das pessoas e do ambiente.

Agora como o entretenimento pode ser o grande influenciador da reciclagem? Se o Brasil é reconhecido pelo mundo inteiro sobre sua capacidade de fazer as melhores e maiores festas do planeta, é possível que o caminho para mudar a realidade da gestão de resíduos venha dessa nossa fortaleza. Para se ter uma ideia do tamanho da produção de lixo nesses encontros, durante o carnaval de Salvador em 2020 e 2023, foram recicladas mais de 250 toneladas de embalagens. É impossível pensar no quanto de detritos podem ser descartados em tão poucos dias. 

Um dos eventos mais aguardados do ano é o The Town, que acontecerá pela primeira vez em São Paulo. O festival será exibido em canais de tv, streaming e redes sociais, possui como patrocinadores marcas mundialmente conhecidas e pretende reunir mais de 100 mil pessoas para curtir nomes da música nacional e internacional. Os números impressionam e por isso mesmo fica evidente a sua força para pautar temas relevantes e outros nem tanto. A reciclagem terá a sua vez por lá. No evento, a fabricante de aço Gerdau fornecerá 300 toneladas de aço reciclável que serão usados para moldar estruturas fixas e temporárias, incluindo equipamentos de entretenimento e fundação de edificações e infraestrutura do autódromo. 

Outra marca que também vai dar visibilidade na economia circular é a  Braskem - a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas - junto aos fornecedores de bebidas como Heineken e Coca-Cola, que promove a reutilização dos copos a cada nova compra.  Essas são formas lúdicas em envolver o público e estimular a participação deles para o descarte correto. Além disso, sabemos como o entretenimento tem a capacidade de influenciar novos comportamentos e adoção de hábitos de maneira massiva e imediata.

Se o Brasil entender a potência da economia criativa para estimular o crescimento da economia circular, poderemos sair dos 4% de reciclagem e transformar esse setor em uma fonte promissora para a economia verde. Afinal, o mundo todo espera do nosso país respostas ativas para a contenção das mudanças climáticas e nós esperamos que isso possa ocorrer em conjunto com o combate às desigualdades.

*“Eu sonho, eu crio, eu faço acontecer”, este é o mantra de Saville Alves, cofundadora da SOLOS, startup de impacto que transforma a economia circular em presença na vida das pessoas, dos territórios e de marcas. Formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em comunicação social, sua militância iniciou a partir das experiências na universidade pública, quando atuou como uma das principais lideranças em movimentos de jovens empreendedores. Essas vivências levaram Saville a atuar no mercado em empresas como Braskem S.A. e Oi S.A, e no terceiro setor nas ONGs TETO e ARCAH. Essa pluralidade de percepções gerou um olhar que busca harmonia e levou Saville a ser eleita pela Forbes uma das 20 mulheres mais inovadoras das Ag Techs. 

Beatriz Xavier
beatriz@pina-una.com

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