Irrigação subterrânea: eficiência, economia e resultado garantido
Por Carla Legner Edição Nº 74 - Agosto/Setembro de 2023 - Ano 13 -
A baixa disponibilidade de água ou a irregularidade das chuvas são fatores que levaram produtores a adotar técnicas alternativas para seus cultivos
A baixa disponibilidade de água ou a irregularidade das chuvas são fatores que levaram produtores a adotar técnicas alternativas para seus cultivos, uma delas é a irrigação. Trata-se de um processo em que a água será disponibilizada de forma artificial em uma área específica, com o objetivo de criar umidade ideal para a agricultura, paisagismo e diversas outras culturas.
Estamos falando de uma técnica que, quando utilizada em conjunto com as demais boas práticas, permite alcançar máxima produção. No Brasil, a agricultura irrigada, por exemplo, está presente em todas as regiões, especialmente onde há escassez de água, como é o caso da região do semiárido, ou onde ocorrem períodos longos de seca, como na região central.
Existem quatro métodos: por aspersão, superfície, localizada e subsuperficial ou subterrânea. O sistema permanente de irrigação enterrado ou irrigação subterrânea consiste na aplicação de água no conjunto radicular das plantas ou inferior, ou seja, é a configuração de instalação dos tubos gotejadores abaixo da superfície do solo, retirando as mangueiras do nível superior.
Nesse processo, existem duas séries que podem ser utilizadas: gotejamento subterrâneo ou elevação do lençol freático. No primeira, segundo Danilo Silva, gerente agronômico da Netafim, a aplicação de água é em baixa quantidade, porém com alta frequência, possibilitando a aplicação conforme a demandada da cultura alvo e seu estágio/idade.
“Chamado de tubo de gotejamento com escudo de cobre, este item traz na saída da água do gotejador para a parte externa do tubo uma pequena chapa de cobre que tem o mesmo princípio do DIU (dispositivo intrauterino), criando um campo iônico que não deixa as raízes se aproximarem e entupir o ponto de onde sai a água.” – complementa Danny Braz – diretor técnico da Regatec.
No gotejamento subterrâneo, há duas formas de aplicação. Na superficial, o Tubo ou Fita Gotejadora é inserido alguns centímetros abaixo da superfície. Isso permite que os produtores tenham muitos dos benefícios da Irrigação Subterrânea, evitando que um tubo de parede fina seja carregado pelo vento. A cada temporada, um novo item é instalado para que seja utilizada a parede mais fina possível. Este método é frequentemente usado com hortaliças de uma única colheita, morangos e melões.
O Sistema profundo, por sua vez, refere-se ao Tubo ou Fita Gotejadora colocado a pelo menos 10 cm (4”) abaixo da superfície. Nesse caso, o objetivo é o uso em várias colheitas com o mesmo equipamento, por até mais de 20 anos.
O enterrio é geralmente a 10 a 30 cm (4 a 12”) com Tubo ou Fita Gotejadora mais grosso (mínimo de 12 mil e até 45 mil). Além disso, Tubos Gotejadores autocompensantes (PC) podem ser usados para obter laterais mais longas ou para irrigar em topografias mais acidentadas.
Este método tem uma ampla gama de aplicações de cultivos incluindo cana, milho, algodão, videiras, tomates, pomares e alfafa. Vale destacar ainda que o enterrio profundo pode ser uma solução excelente para a rotação de culturas.
É importante ressaltar que um sistema de irrigação por gotejamento sempre passa pelo levantamento de informações de campo, além de entender quais os cultivos a serem produzidos e as condições climáticas históricas da região. Nesse sentido, para cada área a ser irrigada, é necessário buscar dados que vão desde a estrutura instalada, fontes de energia para a operação do sistema, qualidade e quantidade da água disponível, tipo de solo e informações do clima.
Silva explica que com esses elementos em mãos é possível dimensionar quais as melhores e mais indicadas configurações de emissores, tamanho de tubulações para entregar o volume de água necessário para suprir a demanda hídrica das plantas e foco nos momentos mais críticos.
“O sistema de irrigação subterrâneo possibilita o tráfego e condução de atividades sem que as mangueiras com gotejadores sejam danificadas no processo, garantindo maior longevidade ao sistema. Pelo fato de se estar enterrado e com menor exposição ao sol ou a animais também garante menor degradação e maior longevidade ao sistema” – enfatiza o gerente da Netafim.
No caso do lençol freático, o mesmo é mantido a uma profundidade que permita um fluxo de água por capilaridade adequado para a planta, por isso também é chamando de subsuperficial. Nesse método, a água é aplicada abaixo da superfície do solo e o lençol freático fica a uma profundidade capaz de permitir um fluxo adequado à raiz da cultura.
Geralmente é empregado em áreas onde existe a ocorrência de camadas de impedimento subsuperficiais, que permite saturar o perfil do solo e controlar a profundidade do nível do lençol freático, deixando-o próximo às raízes das plantas. Esta condição é típica de locais com problemas de encharcamento.
Esse sistema vem sendo usado no Brasil em várzeas não sistematizadas, onde o lençol freático encontra-se a uma pequena profundidade do solo, que normalmente permanece saturado durante grande parte do ciclo da cultura. Embora o requerimento de água seja menor que no de inundação contínua, as plantas daninhas são um grande problema nesse caso.
A necessidade de mão de obra é menor, uma vez que pode minimizar os problemas de toxicidade de ferro, pois a absorção desse elemento pelas plantas é menor com saturação do que com inundação contínua. Apesar dos benefícios, o sistema mais utilizado ainda é o de gotejamento subterrâneo.
Principais aplicações e resultado garantido
Na irrigação subterrânea a água é aplicada na superfície do solo. Isso faz com que folhagem e tronco das plantas não fiquem molhadas. Os gotejadores podem ser instalados próximos uns dos outros, junto à planta sobre uma extensão de linha, formando o que é conhecido como “tripa”. Isso possibilita suprir o local com a quantidade de água correta e umedecer a área mínima da superfície do solo.
Após um projeto bem dimensionado, o sistema constará uma fonte de água, bomba, filtro, medidor de água, válvulas, estrutura de injeção de fertilizantes, defensivos e outros insumos, válvulas, válvulas de segurança, tubulações, emissores (tubos gotejadores) e conectores.
Segundo Silva, quando o assunto é agricultura, é mais indicado principalmente para cana de açúcar, áreas de grãos e fibras, e cultivo de café. Essas culturas possuem uma intensidade de máquinas e atividades de manejo que danificariam o gotejador. “Podem ser utilizados para irrigação de culturas anuais como soja, milho, trigo, feijão e algodão, proporcionando que produtores em áreas que possibilitariam uma terceira safra, como no Mato Grosso e culturas perenes como café e semi perenes como cana de açúcar” – enfatiza.
Para irrigação de paisagismo, é fundamental que haja uma boa filtragem, válvula ventosa para entrada e saída de ar na parte mais alta do setor de irrigação e nas extremidades, registros para limpeza em caso de ruptura e reparo para lavar a rede.
Segundo o diretor da Regatec, os tubos geralmente são de 17mm de diâmetro com espaçamento de 30cm entre gotejadores
AUTOCOMPENSANTES. Os gotejadores podem ser de 1,6LPH, 2,4LPH e 3,8LPH. Já existem também com sistema antidreno que retem até 3m de desnível de água dentro da malha hidráulica, sem haver escorrimento.
“Pelo fato de serem autocompensantes é possível trabalhar com linhas mais longas e por serem antidreno geram grande economia de água. São mais indicados para jardins verticais, jardineiras em fachada de prédios com difícil acesso, para gramados junto a áreas públicas de alta circulação, ou ainda grande incidência de vento, ou fatores estéticos” - explica Danny Braz
O fato é que, de maneira geral, quando comparado ao sistema de irrigação por aspersão, a irrigação subterrânea proporciona que o produtor utilize menores quantidades de água e consiga irrigar 100% de sua área por ser implementado em locais com relevos acidentados e perímetros desuniformes.
Só a água necessária é fornecida, ou seja, apenas a parte do terreno que abriga a plantação é irrigada. Nesse sentido, ao não molhar todo o solo, evita-se o crescimento de ervas daninhas, aumenta-se a eficiência na absorção de água e no fornecimento de nutrientes à cultura. Lembrando ainda que estando enterrado sob o solo, o sistema de irrigação subterrâneo não é um obstáculo ao tráfego ou ao trabalho.
Além disso, é um sistema fácil de automatizar e programar em níveis variáveis. Graças a isso, também não é necessário nivelar o solo. Seu uso reduz as perdas por percolação e escoamento, e nutrientes e fertilizantes são fornecidos de forma mais uniforme. Além de contribuir para aumentar a produtividade da cultura e promover economia de energia.
Outro benefício é que uma vez que os tubos gotejadores estão próximos às raízes, existe a oportunidade de aplicar fertilizantes conforme a necessidade da planta segundo seu estágio de desenvolvimento, o que maximiza assim a produtividade.
Pensando em resultados, segundo a média nacional, é possível citar que no caso de café pode-se triplicar a produtividade das lavouras, possibilitando ao produtor pagar o investimento já na primeira safra.
No caso de cana, além de produtividades médias próximas à 100ton/ha aumentamos a longevidade do canavial economizando ao menos 1 renovação. Para os grãos pode ser agregado algo em torno de 30 a 40% de produtividade. Ademais, em alguns ambientes, onde não se possibilitaria o plantio de uma terceira safra, por se ter aplicação de água, é possível fazê-la.
“São sistemas que apresentam maior durabilidade com menor custo de manutenção, confiabilidade e resistência, especialmente em áreas de difícil acesso (por exemplo um grande e alto jardim vertical), onde você pode ter um produto que dure muito mais, a economia de manutenção é significativa. Sem falar que muito fácil de instalar” – finaliza Braz.
Contato das empresas
Netafim: www.netafim.com.br
Regatec: www.regatec.com.br