Nos tempos atuais, a sustentabilidade deixou de ser uma mera tendência para se tornar uma necessidade urgente em um mundo marcado por desafios ambientais, escassez de recursos e mudanças climáticas. Nesse contexto, a Economia Circular surgiu como uma abordagem inovadora e essencial para a preservação do nosso planeta e a garantia de um futuro mais promissor. A Economia Circular não se limita a uma mera expressão, mas é um conceito que está evoluindo a maneira como produzimos, consumimos e descartamos recursos, oferecendo uma alternativa mais inteligente e sustentável ao modelo econômico linear tradicional.

Segundo Marcos Cavalcanti de Albuquerque, Co-funder da Startup ESG Katalisar, a economia circular se difere do modelo econômico tradicional em diversos aspectos. “Enquanto o tradicional, também chamado de linear, se baseia na concentração de recursos naturais, produção, consumo e descarte, a economia circular redefine o ciclo econômico, buscando a minimização do desperdício e a maximização da eficiência em todas as etapas do processo”, explica.

“Com a reutilização de recursos, a reciclagem, reintegração de produtos e materiais no ciclo produtivo, reduzimos a necessidade de extração de recursos virgens”, avalia. Segundo Marcos, entende-se que na Economia Circular não se tem o descarte, ou seja, todos os recursos estão sendo sempre utilizados. “Por exemplo, a embalagem de um produto, pode virar matéria prima para um outro produto, ou se transforma em energia, sempre circulando os recursos. E isso não é direcionado apenas para resíduos, mas também para energia, água, alimentos e outros recursos”, pontua.

No entanto, nem sempre o processo de Economia Circular é inclusivo e, por isso, a Katalisar hoje desenvolve ações de Economia Circular com foco na inclusão social de grupos em situação de vulnerabilidade. “É importante enfatizar a inclusão social e o acesso equitativo aos benefícios econômicos da Economia Circular, ou seja, criar oportunidades para participação de comunidades vulneráveis e grupos marginalizados no ciclo econômico”, enfatiza Marcos. “Transformamos desafios em oportunidades, empoderando grupos vulneráveis, ajudando empresas a atingir suas metas ESG e transformando territórios em modelos de desenvolvimento circular e sustentável”, esclarece.

Projeto de Inclusão Social

Em uma das ações de inclusão social desenvolvida pela Startup, visando o processo de economia circular, está a capacitação de comunidades desfavorecidas, com o ensino do uso de ferramentas de Inteligência Artificial proporcionando um aumento significativo de oportunidades para estes grupos. A ação vem sendo realizada em diversas localidades, com destaque para a Cooperativa Coopama, no Rio de Janeiro, a Associação de Catadores ARPA, em Manaus, e a Associação Anjos da Natureza, em Juiz de Fora.

A ideia é desenvolver os catadores em agentes ambientais, fazendo com que o sistema econômico realmente os inclua, para isso, precisam estar capacitados, inclusive com ferramentas tecnológicas. “A associação de catadores de Manaus – ARPA, por exemplo, foi uma das cooperativas que recebeu o curso de capacitação em IA. A associação foi criada por um casal, que começou coletando lixo na rua, conseguiram um galpão cedido pela prefeitura, e depois com um financiamento do estado conseguiram comprar uma máquina extrusora, desde então, estão transformando plástico em matéria prima novamente, vendendo seu material com maior valor agregado”, relembra Marcos.

Durante as sessões de treinamento, os participantes têm a oportunidade de aprender a usar ferramentas como ChatGPT e Bard, além de explorar outras ferramentas de imagem avançadas, como Midjourney, Dall-E e Stable Doodle. Essas habilidades capacitam a utilizar a IA de maneira eficaz, abrindo caminhos para aprimorar a comunicação, coletando informações valiosas e criando estratégias para otimizar suas operações, incluindo o aprimoramento de vendas e a eficiência geral de suas associações e cooperativas de catadores.

Até o momento, o projeto já beneficiou um total de 35 catadores, fornecendo-lhes conhecimentos profundos sobre como utilizar ferramentas de IA para melhorar suas vidas e suas comunidades, aprimorando uma das frentes da economia circular. A ideia da Katalisar agora é realizar um seminário online para capacitar diversas lideranças de catadores ao redor do país.

Controle Climático

Outro fator importante a se levar em conta é que a Economia Circular surge como uma ferramenta essencial no controle climático, oferecendo soluções concretas para os desafios ambientais urgentes que o mundo enfrenta.

“Ao reduzimos a necessidade de extrair novos recursos naturais e minimizar os desperdícios, não apenas diminuímos as emissões de carbono, mas também preservamos os ecossistemas e a biodiversidade, elementos que são cruciais na mitigação das mudanças climáticas”, explica Marcos.

Marcos ainda enfatiza que Economia Circular precisa entrar na pauta das empresas e não ser apenas um conceito, mas sim uma estratégia fundamental para o hoje, e não só para o futuro próximo. “Com a economia circular fomentamos a inovação e a criação de empregos verdes, acelerando a transição para uma economia de baixo carbono”, avalia.

Mas para que as empresas adotem práticas mais sustentáveis, é importante o desempenho de políticas governamentais na transformação desse cenário econômico. “Ao estabelecer regulamentações, recursos financeiros e principalmente promover a conscientização os governos passam a criar um ambiente propício na adoção de práticas mais sustentáveis pelas empresas. Essas políticas fomentam a eficiência na redução do desperdício, preservação de recursos naturais e o enfrentamento de desafios ambientais, tais como a mudança climática”, argumenta Marcos. “Hoje, num mundo em que buscamos soluções para os problemas ambientais urgentes, as políticas públicas de apoio à Economia Circular são cruciais na construção de uma economia mas equitativa, sustentável e resiliente”, conclui.

Hoje, à medida que enfrentamos os desafios crescentes das crises ambientais, mudanças climáticas e escassez de recursos, é crucial a adoção da economia circular pelas empresas. “Olhar além do lucro imediato e considerar o impacto a longo prazo tornou-se uma obrigação moral e econômica”, enfatiza Marcos. A transição de uma prática linear para a circular não é apenas uma escolha inteligente, mas uma necessidade premente para a saúde do planeta e qualidade de vida das gerações futuras. “O momento é agora! E as empresas que lideram essa revolução, que já vem crescendo no Brasil e no mundo, estão pavimentando o caminho para um amanhã mais sustentável e resiliente”, finaliza Marcos.

Sumi Costa
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