ABES Seção Rio Grande do Sul realiza webinar com o tema Enfrentamento da Crise Sanitária
ABES -
Evento marcou o Dia Mundial do Banheiro (19 de novembro) e discutiu a crise sanitária com palestras dos especialistas Antônio Domingues Benetti,
Na última quinta-feira, 23 de novembro, a ABES Seção Rio Grande do Sul realizou um webinar com o tema “Enfrentamento da Crise Sanitária – Toilet Day – ONU”, em alusão ao Dia Mundial do Banheiro (19). Com moderação de Roberta Arlêu Teixeira, coordenadora do Programa Jovens Profissionais do Saneamento da ABES-RS (JPS/ABES-RS), o evento foi transmitido pelo ABES Conecta, no YouTube.
A abertura do webinar ficou a cargo de Ricardo Rover Machado, diretor da ABES-RS. “No Brasil ainda temos 4,4 milhões de brasileiros que não tem banheiro em casa, uma realidade que precisamos mudar”, iniciou Röver, destacando o Dia Mundial do Banheiro, que, assim como o Dia Mundial da Àgua, foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar a população sobre a importância do acesso universal à água e ao saneamento básico.
Com apoio institucional da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS), o evento virtual recebeu Cristina Vallejo, diretora da Divisão Interamericana de Ambientes Sustentáveis da AIDIS, que também participou dos debates que seguiram após as palestras.
Antes de conduzir os trabalhos, a moderadora Roberta Arlêu ressaltou a importância do evento como oportunidade de inserir jovens profissionais em discussões de tamanha relevância para a sociedade. “Isso está diretamente relacionado à questão social, visto que a maioria dessas pessoas vivem abaixo da linha da pobreza”, pontuou, mencionando o número de brasileiros sem banheiro em suas residências.
Antônio Domingues Benetti abriu a série de palestras. O professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul chamou atenção para a conversão do esgoto sanitário em água potável, realidade em alguns países que não se reflete nos mais pobres. “Em todas as cidades brasileiras temos esse tipo de situação”, afirmou o pesquisador, apresentando fotografias de comunidades que convivem com esgoto a céu aberto em Bangladesh e nos municípios brasileiros de Manaus/AM e Osasco/SP.
Já a Rita Nugem, especialista em epidemiologia, saúde pública e administração pela Université Claude Bernard Lyon 1, apresentou a situação da região das Ilhas de Porto Alegre/RS à discussão.
“Pode-se perceber que a região da Ilhas tem o menor número de esgoto, esgoto a céu aberto, lixo acumulado no logradouro, menor distribuição de água encanada, casos de Hepatite A, maior número de residentes em favelas, maior percentual de moradores em moradias precárias e renda entre um quarto a um salário mínimo”, lista. O ranking de indicadores de saneamento ambiental não adequado no município integrou, inclusive, o tema de estudo abordado na tese de mestrado de Nugem.
Seguindo a reflexão sobre a crise sanitária, Fausto Leiria, assessor de Relações Institucionais e Governamentais do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU-RS) abordou possíveis soluções para a problemática.
O palestrante salientou a ligação direta do direito à saúde ao saneamento e relembrou a pandemia de COVID-19, destacando o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro com o programa de assistência médica no domicílio Estratégia de Saúde da Família (ESF). “As pessoas começaram a pensar em saúde pública, em banheiros, começaram a pensar em higiene para todo mundo”, uma deficiência real em regiões precarizadas.
Com base na lei ATHIS, legislação que visa garantir assistência técnica pública e gratuita de arquitetos para elaboração de projetos, acompanhamento e execução de obras necessárias para edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária de moradias, o CAU-RS elaborou o projeto “Nenhuma Casa Sem Banheiro”. Em vigor desde 2020, profissionais seguem atuando para dar condições dignas de saneamento à população, entretanto, Fauto Leiria destacou a falta de apoio de algumas prefeituras para com a iniciativa, “o desinteresse foi geral, apenas Canoas e Charqueadas entraram no projeto”, lamentou o especialista.