25º Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos
Serviço Geológico do Brasil -
Evento organizado pela Associação Brasileira de Recursos Hídricos, com apoio institucional do SGB, ocorreu entre os dias 19 e 24 de novembro
Pesquisadores e técnicos do Serviço Geológico do Brasil (SGB) deram contribuições importantes, que fortaleceram os debates durante o 25º Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Promovido pela Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHIDRO), com apoio institucional do SGB, o evento ocorreu entre os dias 19 e 24 de novembro, em Aracaju (SE).
Ao longo das atividades, 45 profissionais da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT) compartilharam conhecimento por meio da apresentação de trabalhos científicos, participação em debates e cinco mesas-redondas, além da divulgação dos produtos no estande do SGB, onde também ocorreram apresentações e reuniões com parceiros.
O Simpósio trouxe, para debate, temas técnicos relacionados aos recursos hídricos e também proporcionou reflexões sobre o trabalho de pesquisadoras, contribuindo assim para construção de ambientes inclusivos e com igualdade de gênero. Uma das mesas-redondas realizadas na quarta-feira (22) abordou o tema “Mães na Engenharia das Águas”. A pesquisadora do SGB Luna Gripp Alves moderou os debates e ressaltou a importância do assunto: “Para viabilizar o crescimento das mulheres, ao longo de suas carreiras, é estritamente necessária a criação de ambientes profissionais, assim como que os eventos científicos sejam acolhedores e inclusivos”.
Alves também apresentou, na quinta-feira (23), o trabalho “Efeito Tesoura”, sobre a redução da proporção de mulheres ao longo da carreira científica e profissional, em direção aos cargos de liderança. “Este assunto é de extrema importância, pois já é clara a necessidade de se ter lideranças que representem a diversidade do nosso país, no sentido de termos a construção de uma ciência mais justa e representativa”.
|
Saiba mais:
? Mapeamento hidrogeológico e outros estudos que impactam o dia a dia das pessoas são destaques do maior evento de recursos hídricos do país
? Mudanças climáticas e impactos da ação humana estão entre os temas apresentados no Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos
? Pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil participam de debates sobre águas subterrâneas e processo hidrológicos
Águas subterrâneas e superficiais
No 4º dia do Simpósio, na quarta-feira (22), foram apresentados trabalhos essenciais para a gestão dos recursos hídricos subterrâneos. Entre eles, o “Modelo Numérico de Fluxo Subterrâneo da Ilha de São Luís (MA)”, pela pesquisadora Viviane Cristina Vieira da Cunha. De acordo com ela, o objetivo é “sintetizar as informações conceituais, melhorar a compreensão sobre o sistema hidrogeológico da Ilha de São Luís e simular cenários futuros de interesse para o estudo”.
O trabalho “Pluviometria Média na Bacia Hidrográfica do Riacho dos Porcos, a Qual Alimenta o Sistema Aquífero Missão Velha – Rio da Batateira e o Aquífero Maurití”, foi apresentado pelo pesquisador Raimundo Glauber Lima Cunha. “Tendo em vista que a precipitação é uma das variáveis que norteia o ciclo hidrológico terrestre, é fundamental que esse tema seja abordado e, assim, mostre sua importância como contribuinte das águas subterrâneas”.
A pesquisadora Margarida Regueira da Costa apresentou pôster com o tema: “Implantação de Cisternas na Região Semiárida do Estado de Pernambuco – Análise da Viabilidade Técnica”. “Este trabalho levanta a importância do uso de tecnologias para levar água às populações dispersas, em áreas onde há pouca ou nenhuma água. Essas tecnologias devem ser dimensionadas por estudos que otimizem os recursos hídricos disponíveis no local, levando-se em conta custos e facilidades para futura operação e manutenção”, explicou a pesquisadora.
Em palestra oral, a pesquisadora Camila Dalla Porta Mattiuzi apresentou: “Balanço Hídrico na Região do Sistema Aquífero Urucuia: 20 Anos de Dados e Análise de Tendências”. O Aquífero Urucuia é um dos mais importantes mananciais de água subterrânea do país e fica localizado no estado da Bahia. Segundo o estudo apresentado, há “tendência de redução em todas as componentes do balanço hídrico analisadas”. Mattiuzi alerta que, diante da relevância do aquífero, é essencial “estudar as variáveis hidrológicas e entender o comportamento desse sistema”.
|
Já o pesquisador Bernardo Luiz de Oliveira apresentou, na quinta-feira (23), o trabalho: Avaliação de Recomendações para Testes de Fundo Móvel em Medições de Vazão Realizadas com ADCP. Esse estudo apresenta avaliação dos critérios adotados pela Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) nesses testes. “No Brasil, as primeiras medições com métodos acústicos iniciaram-se nos anos de 1990, mas foram amplamente adotadas na última década, principalmente na operação da RHN. Grande parte dos estudos para a utilização deste tipo de equipamento foram desenvolvidos em aplicações fora do Brasil, assim há uma carência na validação e no desenvolvimento de protocolos de utilização voltados à nossa realidade”.
O pesquisador Roberto Kirchheim participou de mesa-redonda sobre "Técnicas Isotópicas Aplicadas à Hidrologia".
Modelos hidrológicos para gerar previsões
A importância de modelos hidrológicos para gerar previsões em bacias hidrográficas foi tema de trabalhos apresentados pelo pesquisador Caluan Capozzoli, na quarta-feira (22). No pôster “Aplicação do Modelo Hidrológico SWAT para Previsão de Vazão por Conjunto”, Capozzoli abordou o uso de previsões de chuva, de curto prazo, para antecipar dados de vazão na bacia do Rio Paraíba do Sul. “O uso de previsões de tempo, para alimentar modelos hidrológicos e gerar previsões de vazão, permite antecipar o impacto de extremos (secas e cheias) na bacia hidrográfica”.
Dentro dessa temática, o pesquisador apresentou palestra oral, em que abordou: Avaliação das Previsões Probabilísticas de Chuva Processadas com os Métodos Bayesian Model Averaging e Ensemble Model Output Statistical para a Bacia do Rio Paraíba do Sul”. Nesse trabalho, mostrou como previsões de chuva de curto prazo podem ser corrigidas com base nas observações de chuva em superfície. “Uma maneira de contornar as limitações dos modelos meteorológicos é utilizar técnicas estatísticas de processamento que permitam incorporar a informação de chuva local do passado na previsão de chuva futura. Esse tipo de técnica ainda é pouco explorada no Brasil”.
Impactos na Bacia Carbonífera de Santa Catarina
Esse assunto foi abordado em palestra oral apresentada pelo pesquisador Albert Teixeira Cardoso, na quarta-feira (22), Com o tema "Hidroquímica da Bacia Carbonífera de Santa Catarina: Impactos da Acidificação da Água nos Rios da Região", o trabalho gerou informações sobre os efeitos adversos da Drenagem Ácida de Mina (DAM) nas águas superficiais ( como rios e riachos) na região sul do estado. “A pesquisa enfatiza o impacto da mineração de carvão na qualidade da água, destacando altas concentrações de acidez, sulfato e metais pesados, como ferro, manganês e alumínio, além de alterações nos parâmetros físico-químicos das águas da região”, explicou Cardoso.
Segundo ele, levar o tema para Simpósio foi importante para realçar os desafios ambientais relacionados à mineração, especialmente em relação à gestão sustentável dos recursos hídricos. O pesquisador reforça que: “Os resultados do estudo são cruciais para compreender a extensão da contaminação e para orientar ações de remediação e conservação dos ecossistemas aquáticos. A discussão também contribui para a conscientização sobre a importância da qualidade da água para a saúde humana e para a biodiversidade”.
Sistemas de Alerta Hidrológico
|
Os Sistemas de Alerta Hidrológico operados pelo Serviço Geológico do Brasil tiveram destaque no evento. Na quarta-feira (22), o pesquisador Fernando Silva Rego apresentou a operação realizada no ano de 2022/2023, entre novembro e março, na Bacia do Rio São Francisco. Desde 2021, o SGB opera o Sistema Hidrológico dessa bacia (SAH Francisco). “Com intuito de beneficiar 18 municípios e uma população de aproximadamente 530 mil pessoas, foram emitidos 80 boletins de monitoramento e alerta contendo o nível do Rio São Francisco, bem como previsões da elevação do nível do rio, os quais são instrumentos para a prevenção/mitigação dos efeitos causados por eventos de cheias nessas localidades”.
Na quinta-feira (23), o pesquisador Emanuel Duarte Silva falou sobre a “Avaliação Econômica da Operação do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Uruguai, entre os Anos de 2018 e 2022: Balanço de Prejuízos Potencialmente Evitados para o Município de Alegrete (RS)”.
Para o estudo, ele fez um comparativo entre os prejuízos econômicos decorrentes de cheias entre os anos de 2018 e 2022, que potencialmente poderiam ter sido evitados pela operação do sistema e o investimento necessário para sua implementação e manutenção, no mesmo período. “Em 2022 essa relação se encontrava em aproximadamente 32 reais. Ou seja, para cada R$ 1 investido no Sistema houve o retorno de R$ 32 em benefício à sociedade”.
A partir de dados gerados pelos Sistemas de Alerta Hidrológico (SAH), e disponíveis na plataforma do Sistema de Alerta de Eventos Críticos (SACE), o pesquisador Francisco Fernando Noronha Marcuzzo apresentou três pôsteres:
? Tempo de Retorno de Cotas de Grandes Cheias e do Sistema de Alerta Hidrológico em São Sebastião do Caí (RS).
? A Grande Cheia de 2020 em Muçum (RS) e o Tempo de Retorno das suas Cotas de Atenção, Alerta e Inundação no SACE.
? Tempo de Retorno das Vazões de Grandes Cheias e de Atenção, Alerta e Inundação do SACE em Uruguaiana (RS).
Nos artigos, apresentou análises sobre cotas e vazões nos rios. “O monitoramento de um Sistema de Alerta Hidrológico (SAH) provoca a necessidade de que as cotas de importância em rios sejam associadas a Tempos de Retorno (TR), seja dessas cotas propriamente ditas ou de suas vazões associadas. Os estudos dos três artigos visam suprir a informação do tempo de recorrência de cotas e vazões importantes de alguns municípios que sofrem com cheias constantes do Rio Grande do Sul, de São Sebastião do Caí, Uruguaiana e Muçum, sendo que este último recentemente sofreu com a maior cheia de sua história, em setembro de 2023”.
Desastres naturais
|
A chefe do departamento de Hidrologia, engenheira Andrea Germano, coordenou a Sessão técnica sobre Desastres Naturais, na terça (21). Na ocasião, foram apresentados trabalhos e promovido um debate sobre o assunto ao final. Foram abordados temas como:
• A Multi-hazard Perspective on the São Sebastião (SP) Event in February 2023: What Made it a Disaster? (Uma perspectiva multirriscos sobre o evento de São Sebastião (SP) em fevereiro de 2023: o que o tornou um desastre?);
• Apontamentos acerca da Susceptibilidade a Deslizamentos no Brasil no Contexto da Expansão Populacional e das Mudanças Climáticas;
• Desenvolvimento de um Sistema de Alerta de Deslizamentos de Terra em Escala Municipal: Monitoramento, Gatilhos e Previsão Meteorológica;
• Threats of Urban Flash Floods on Human Stability for the Next Century (Ameaças de Inundações Repentinas Urbanas à Estabilidade Humana no Próximo Século);
• As Inundações Ocorridas No Município De Jucuruçu (BA) no Ano de 2019: Uma Reflexão Sob a Ótica dos Estudos Hidrológicos;
• Avaliação da Ocorrência de Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) durante Eventos de Inundação em Santo Antônio de Pádua (RJ)
Confira aqui todas as fotos do evento.
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb?gov?br