A combinação de areia, peixes, plantas e pedras em uma piscina deixou de ser uma ideia exótica para se tornar uma tendência crescente na arquitetura e construção, conquistando um número cada vez maior de brasileiros. As piscinas biológicas, mais sustentáveis do que as convencionais, estão ganhando destaque  não apenas pelos benefícios para o meio ambiente, mas também por melhorar a sensação de bem-estar e contato com a natureza de seus usuários.

Diferentemente das piscinas tradicionais, as piscinas biológicas consomem 70% menos água e possuem uma pegada de carbono significativamente menor, pois dispensam o uso de cimento e estruturas de aço. Essa inovação ambiental utiliza um conjunto de filtros, incluindo o biológico, que emprega microrganismos para purificar a água. Os peixes desempenham um papel crucial no controle de algas e larvas de mosquito, criando um ecossistema semelhante ao natural, eliminando a necessidade de cloro ou outros produtos químicos.

O biólogo Rafael Catarino, fundador da Clímax Ambiental e especialista neste estilo ambientes aquáticos, destaca que as piscinas biológicas representam uma quebra de paradigma, permitindo às pessoas se reconectarem com os ciclos da natureza. Esses ambientes dinâmicos, em constante mudança, proporcionam uma experiência única, agregando naturalidade e resiliência ao sistema.

Com mais de 15 anos de experiência que incluem também a implantação de lagos ornamentais, Catarino testemunhou uma explosão na demanda por projetos de piscinas biológicas, especialmente após a pandemia, quando as pessoas buscaram formas de se reconectar com a natureza ao passarem mais tempo em casa. A Clímax Ambiental, que recebia duas consultas mensais em 2019, agora enfrenta uma demanda mensal de 20 consultas.

Além dos benefícios ambientais e estéticos, as piscinas biológicas oferecem vantagens para a saúde mental. Catarino compara essas piscinas a "banhos de floresta", destacando seu efeito relaxante que beneficia tanto a mente quanto o corpo. Ele ressalta que esses ambientes também servem como ferramentas educacionais, especialmente para crianças, permitindo a observação e compreensão dos ciclos naturais. Entretanto, Catarino alerta para a necessidade de cuidados na manutenção das piscinas biológicas, como a importância da filtragem biológica e do controle adequado do ozônio para garantir a saúde dos peixes. A seleção cuidadosa das espécies de peixes, adaptadas ao clima local, é crucial para o equilíbrio do ecossistema.

Surpreendentemente, as piscinas biológicas oferecem uma solução de circularidade ao produzir material orgânico durante o processo de limpeza dos filtros. Esse material pode ser utilizado para fertirrigação em jardins ou hortas, proporcionando economia financeira e contribuindo para a redução de resíduos. 

Em última análise, as piscinas biológicas representam não apenas uma inovação sustentável, mas uma oportunidade de reconexão com a natureza, transformando o conceito tradicional de piscinas em verdadeiros ecossistemas dinâmicos e benéficos para o meio ambiente e para o bem-estar humano.

Camila Florio <camila.florio@sherlockcomms.com>