Projeto alternativo para tratamento de água da Codevasf é referência
Codevasf -
Em reunião realizada na 6ª Superintendência Regional da Codevasf, em Juazeiro, o sistema alternativo de tratamento de água por meio de filtragem lenta
Um projeto alternativo para tratamento de água, implantado pela Companhia de Desenvolvimento dos vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em duas comunidades rurais nos municípios de Juazeiro e Jaguarari, na região Norte da Bahia, está chamando a atenção de instituições ligadas às áreas de ciência, tecnologia, inovação e desenvolvimento regional nos estados da Bahia e de Pernambuco.
Em reunião realizada na 6ª Superintendência Regional da Codevasf, em Juazeiro, o sistema alternativo de tratamento de água por meio de filtragem lenta, direcionado para comunidades rurais, foi apresentado pelo seu idealizador, o engenheiro agrônomo Joselito Menezes de Souza, que atua na Gerência Regional de Infraestrutura (6ª/GRD).
Participaram do encontro o representante do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Juan Batista Oliveira Faria; Ana Karina da Silva Torres e Jonatas Fernandes Araújo Sodré, do Sistema Senai-Cimatec; Marcelo Coelho Silva, representando o Consórcio Intermunicipal do Sertão do Araripe Pernambucano (Cisape); e Sérgio Carvalho, do consórcio Nippon/Plena.
O objetivo da visita dessa comitiva à região foi conhecer o funcionamento do sistema de tratamento de água implantado pela Codevasf e analisar a possibilidade de uma parceria entre as instituições para utilização de sistemas semelhantes em outras comunidades rurais do Nordeste.
Foram realizadas visitas técnicas ao distrito de Pilar, em Jaguarari, onde a Codevasf possui um projeto-piloto implantado para atender a uma cooperativa de produção de laticínios, e à localidade de Arapuá, em Juazeiro, onde o sistema atende uma comunidade rural. Os integrantes da comitiva conversaram com os moradores sobre os benefícios e o funcionamento do sistema em operação.
Baixo custo e fácil instalação
O projeto do sistema alternativo de tratamento de água por meio de filtragem lenta, direcionado para comunidades rurais, começou a ser desenvolvido em 2018. Ele é composto por três caixas d’água dispostas em diferentes níveis, contendo, como elementos filtrantes, gel têxtil, areia e um copo dosador que utiliza pastilhas de cloro para deixar a água resultante da filtração potável para consumo humano. Foi desenvolvido inicialmente para atender a pequenas demandas, tendo em vista a necessidade da presença de uma fonte hídrica permanente.
O projeto atende às especificações constantes na Lei nº 14.026/220, que atualizou o Marco Legal do saneamento básico, e na Portaria Nº 888/2021, do Ministério da Saúde, que define os padrões de potabilidade de água para consumo humano. A iniciativa já recebeu o Selo CREA-BA para atitudes transformadoras e foi destaque em meios de comunicação regionais, sendo apresentado, também, em eventos abertos em outros estados do país.
“O sistema de filtração lenta em dupla camada (areia e gel têxtil) adaptado por nós pode atender até 40 famílias, e o custo de implantação gira em torno de R$ 20 mil em materiais e mão de obra. O investimento para manutenção está em torno de R$ 25 ao mês para obtenção das pastilhas de cloro utilizadas no sistema”, explica o idealizador do projeto, Joselito Menezes.
Caso de sucesso
Um dos sistemas serve a uma cooperativa de agricultura familiar localizada na comunidade conhecida como Adutora, a cerca de 105 km da sede do município de Juazeiro. O laticínio Mãos do Campo, desde 2019, produzia artesanalmente queijos, requeijão cremoso, bebidas lácteas, iogurtes e outros produtos originários do leite de cabra, mas ainda não possuía certificação sanitária, justamente por não contar com um sistema eficiente de fornecimento de água de qualidade.
Essa comunidade recebe água bruta fornecida por uma adutora construída por uma empresa mineradora local. Anteriormente eles utilizavam carros-pipas para fornecer a água potável necessária para a produção.
O Sistema Alternativo de Tratamento de água foi, então, implantado, aproveitando um filtro presente na instalação do laticínio, e, após alguns meses de funcionamento, eles conseguiram a certificação estadual (SIE) para comercialização de seus produtos em larga escala.
Atualmente, a cooperativa, que foi reestruturada, já participa de eventos e feiras nacionais com seus produtos originários do leite de cabra, como foi o caso do VI Concurso Prêmio Queijo Brasil, realizado em julho na cidade de Blumenau (SC), onde recebeu medalha de ouro com o Queijo Boursin; medalha de prata com o queijo Capela Tradicional; outra medalha de prata com o queijo Chevrotin e medalha de bronze com o queijo Buchette de Carvão.