Mais de 5 milhões de metros cúbicos de água foram infiltrados no solo da Serra do Japi

Ao conservar as florestas, reduzir os impactos de incêndios, atuar para a manutenção das serrapilheiras, o projeto ajudou a proteger nascentes e rios


Inúmeras pesquisas científicas mostram a rica biodiversidade da Serra do Japi e a importância de seus recursos hídricos, responsáveis pela produção de água de excelente qualidade. Por estas características, o território tem merecido intervenções de preservação. Uma dessas ações é o projeto Olhos da Serra, iniciativa do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ), e o patrocínio da Coca-Cola Brasil e da Coca-Cola FEMSA Brasil.

O projeto que começou em 2021 e está na segunda fase já mapeou 833 nascentes e 111 corpos d’água e contribuiu no último ano para a infiltração de 5.526.245 m3 de água no solo da floresta. Devidamente protegidas, estas fontes de água têm potencial para ampliar a captação de um recurso essencial à vida das populações. A correlação entre Serra do Japi e recursos hídricos é antiga. Há uma versão, bastante difundida, de que o nome em tupi-guarani, “Y-api”, significa “nascente de rios”.

“O projeto Olhos da Serra foi pensado para conservar a riqueza biológica e o ‘castelo de águas’, como também é conhecida a Serra do Japi” afirma Andréa Borges, gerente técnica do Consórcio PCJ.

De acordo com informações da DAE Jundiaí, empresa responsável pelo saneamento no município que abriga 40% dos 350 km2 da Serra do Japi, 95% do abastecimento de água em Jundiaí é proveniente do rio Jundiaí Mirim, que nasce na divisa de Jarinu (córrego do Tanque) e Campo Limpo Paulista (ribeirão do Perdão). Também há captação do córrego Japi (ou Estiva). “O córrego Padre Simplício (ribeirão Ermida), cuja qualidade é considerada Classe Especial (melhor qualidade), abastece a represa localizada na Serra do Japi. Esta, que é a represa mais antiga da cidade, contribui atualmente com cerca de 5% da água que abastece o município”, afirma Martim Ribeiro, diretor de Mananciais da DAE Jundiaí.

A DAE Jundiaí está trabalhando no projeto do sistema de abastecimento do Vetor Oeste, chamado sistema Caxambu, que contempla a construção de duas represas, além do aproveitamento de uma já existente na Fazenda Rio das Pedras. “Com isso, será possível armazenar água dos ribeirões Ermida e Caxambu, e do rio das Pedras, ampliando, assim, a disponibilidade hídrica do município em cerca de 370 litros por segundo”, completa Ribeiro.

A água que nasce no território da Serra do Japi contribui com os rios Jundiaí e Ribeirão Piraí, que possuem captações superficiais nos municípios das Bacias PCJ como Cabreúva, Indaiatuba, Itupeva e Jundiaí. Os volumes utilizados equivalem ao consumo de 450 mil habitantes.

Cartilha Recomposição Florestal

Uma das iniciativas para proteger os recursos hídricos é a recomposição florestal. Neste sentido, para conscientizar a população sobre a importância da ação, o projeto Olhos da Serra elaborou a cartilha “Recomposição Florestal”, que explica sobre a importância do plantio de árvores para a conservação de nascentes, rios e outras fontes de água. O material traz ainda informações sobre Unidades de Conservação, Áreas de Proteção Permanente (APPs), Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

“Criamos a cartilha como o propósito de ajudar a conservar a floresta. No material, elaborado com linguagem simples e várias ilustrações, o Olhos da Serra mostra de que forma a recomposição florestal promove proteção de nascentes e rios, retenção de carbono, controle de erosão, redução do assoreamento dos rios, redução da temperatura e aumento de umidade, entre inúmeros benefícios”, destaca Andréa Borges.

As árvores também são responsáveis por receber as águas das chuvas e ampliar a infiltração no solo. De acordo com dados do Olhos da Serra, na Serra do Japi o volume de chuva ultrapassa, anualmente, mais de 90 mil piscinas olímpicas. “Para ajudar a manter a floresta e proteger os recursos hídricos, a previsão é plantar mais de 2 mil mudas de árvores”, afirma a gerente técnica do Consórcio PCJ.

Para contribuir com ações de recomposição florestal, é possível eleger áreas de propriedades para receber plantios voluntários. Informações em www.agua.org.br/olhosdaserra ou olhosdaserra@agua.org.br. A cartilha “Recomposição Florestal” pode ser baixada em https://drive.google.com/open?id=18naAa3cR6mnX9fEgDAzvHEb665p-85zm&usp=drive_fs

Beatriz Scariot <beatriz@mxpcomunicacao.com>

Publicidade