Governadores do Conselho Mundial da Água elegeram Riad para sediar a 11ª edição do Fórum Mundial da Água

A Arábia Saudita é a principal potência econômica do mundo árabe e o petróleo representa mais de 90% das exportações e quase 75% das receitas do governo


Eleição aconteceu no último dia 17/02, em Istambul, na Turquia, durante a 86ª Reunião do Conselho de Governadores do Conselho Mundial da Água

Os governadores do Conselho Mundial da Água (WWC – na sigla em inglês) elegeram Riad, a capital do Reino da Arábia Saudita, no Oriente Médio, para sediar a 11ª edição do Fórum Mundial da Água, que acontecerá em 2027 e terá como tema “Ação para um Futuro Melhor”. A eleição aconteceu no dia 17 de fevereiro, durante a 86ª Reunião do Conselho de Governadores, em Istambul, na Turquia.

O Presidente do WWC, o francês Loïc Fauchon, comentou o resultado da eleição da sede do 11º Fórum Mundial da Água. “Em nome do Conselho Mundial da Água, gostaria de parabenizar a Arábia Saudita e Riad por serem escolhidas como sede do 11º Fórum Mundial da Água. O Conselho irá trabalhar muito forte ao lado dos sauditas pelos próximos três anos para trazer o Mundo à Riad em 2027 e continuar a fazer da água uma prioridade política global”, disse Fauchon.

Riad e a situação da gestão de recursos hídricos na Arábia Saudita

A Arábia Saudita é a principal potência econômica do mundo árabe e o petróleo representa mais de 90% das exportações e quase 75% das receitas do governo. Riad vem experimentando forte desenvolvimento econômico devido a isso, o que tem atraído cada vez mais pessoas para a capital saudita. O Governo projeta que a população deve dobrar até 2030 e atingir 14 milhões de habitantes. Mais pessoas, haverá mais pressão sobre os recursos hídricos locais, que já enfrentam situações de escassez.

A água saudita é obtida por meio de quatro fontes distintas: aquíferos profundos fósseis, que representam 88,3% da água subterrânea disponível; aquíferos aluviais rasos, que são 11,3% da água subterrânea; captação de águas superficiais, que são 10% do consumo; e a dessalinização, que é a principal fonte de abastecimento da Arábia Saudita, representando 70%.

A exploração em desequilíbrio das águas subterrâneas, em especial dos poços profundos fósseis, que não permite a sua recarga pelas precipitações de chuva, como ocorre nos lençóis freáticos mais rasos, somado ao alto custo da dessalinização com o uso de tecnologias que requerem muita energia, no caso a queima de óleo no seu processo de produção, coloca em vulnerabilidade a sustentabilidade hídrica futura da Arábia Saudita.

Todo o Oriente Médio vive instabilidades sobre a disponibilidade de água. O abastecimento por meio de poços sempre teve um papel central, ainda mais agora, em que as mudanças climáticas aumentam os impactos sobre o regime de chuvas, gerando verões extremamente quentes, que secam cada vez mais lagos e rios, que não são perenes na região.

Segundo reportagem do portal alemão DW – Deutsche Welle – de agosto de 2023, levantamento sobre o panorama dos lençóis freáticos no Oriente Médio atenta que o uso dessa fonte de água pode estar em desequilíbrio com a sua capacidade de recarga, mas o mapeamento dessas reservas ainda é um desafio, em razão da dificuldade de medir os níveis das reservas de água subterrânea, devido à sua localização.

A Arábia Saudita, segundo o DW, parece estar ciente do tema, pois, desde 2018, Riad suspendeu seu programa de expansão agrícola iniciado em 1970, focado essencialmente no uso das águas subterrâneas na produção de grãos, em especial, de trigo.

O consumo de água por habitante/dia também gera atenção. Atualmente, cada pessoa da capital saudita consome em média 263 litros de água por dia, mais que o dobro recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 110 litros.

Políticas ambientais e de recursos hídricos

Com base nesse cenário, o governo saudita busca reverter a tendência de consumo de água. O programa Qatrah, tem o objetivo de reduzir a média de consumo por pessoa para 150 litros/ dia até 2030.

Para mitigar os impactos das pressões migratórias que Riad vem sofrendo por conta do desenvolvimento econômico, os sauditas prometem que o modelo não prevê apenas ampliação da infraestrutura, mas também aspectos sociais e ambientais. Os sauditas querem fazer de Riad uma cidade mais sustentável, com base em melhorias em serviços, mobilidade, e locais de convivência social e de bem-estar, como espaços para esportes, saúde, escolas e eventos.

No aspecto ambiental, destaca-se o projeto “Riad Verde” que prevê o plantio de uma árvore para cada habitante, transformando a cidade verde como a capital inglesa, Londres, amenizando, assim, as altas temperaturas verificadas no deserto.

O plano “Visão Saudita 2030”, com objetivo alcançar uma economia próspera, com condições de crescimento e oportunidades de emprego, comprometida com a cultura verde e de manutenção de medidas que promovam a sustentabilidade.

Outros projetos prometem estar comprometidos com meio ambiente e sustentabilidade. O projeto “NEOM” estima movimentar US$ 500 bilhões para criar uma cidade futurista avançada para ser um farol de inovação, sustentabilidade e crescimento econômico. Cerca de 95% da área do NEOM, que equivale a 26,5 mil quilômetros quadrados, será uma reserva natural intocada, além de 41 ilhas. Outro projeto em andamento é o  “The Line”, que será uma cidade sem ruas e carros e, portanto, livre de emissões de carbono, já que toda a cidade obterá a sua energia a partir de fontes 100% renováveis.

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