A importância do tratamento adequado de águas e efluentes
Viveiros -
Para melhor compreender esse cenário, cabe ressaltar que os efluentes industriais são gerados diretamente na cadeia produtiva ou em processos
Estudo publicado na revista Nature Water aponta que a poluição da água acelerará uma crise de abastecimento hídrico e que 5,5 bilhões de pessoas em todo o mundo poderão ser afetadas até 2100. Ainda de acordo com o levantamento, a qualidade da água pode piorar em níveis alarmantes nos países emergentes, como o Brasil. Na contramão, as nações ricas têm diminuído os níveis de poluentes orgânicos e substâncias que podem causar doenças, pois dedicam atenção ao melhor tratamento da água.
Engajado na agenda ambiental, Paulo Paschoal, diretor de operações do Grupo Opersan, referência no tratamento de águas e efluentes no Brasil, alerta para a importância do tratamento adequado de águas e efluentes, assim como o uso de tecnologias e soluções que promovam melhorias nesse processo, no qual também pode ser inserido o reúso. Ele também explica: “O descarte de efluentes sem o adequado tratamento compromete a qualidade dos recursos hídricos, impactando ecossistemas aquáticos e a saúde humana. As empresas geradoras podem sofrer sansões legais, incluindo a esfera criminal, ter prejuízos institucionais, mercadológicos e financeiros”.
Para melhor compreender esse cenário, cabe ressaltar que os efluentes industriais são gerados diretamente na cadeia produtiva ou em processos intrinsecamente relacionados à produção, como manutenções, limpezas de maquinários e do pátio fabril ou, ainda, refeitórios e sanitários utilizados por funcionários. Por isso, a cada tipo de processo industrial e matérias-primas aplicadas geram-se efluentes com características distintas (orgânicos, químicos e térmicos), que podem comprometer a saúde humana e o meio ambiente.
Saiba mais sobre os tipos de efluentes gerados por indústrias
São inúmeros os efluentes gerados por indústrias, com as mais variadas espécies de contaminantes presentes. Dentre os principais tipos podem-se citar as águas de lavagem de pisos, peças, máquinas, tanques e reatores; as emulsões oleosas com altas concentração de óleos e graxas; as soluções aquosas contaminadas com metais pesados, geradas nos processos de revestimento superficial de peças, como na indústria metalmecânica; os efluentes com traços de fármacos, hormônios e pesticidas; e os efluentes com elevada carga orgânica, provenientes de diversos setores, como o alimentício, cosméticos, farmacêutico e têxtil.
Para se definir o tratamento aplicável a cada tipo de efluente industrial, devem-se conhecer os contaminantes presentes e dimensionar o sistema considerando as operações unitárias aplicáveis para obter a redução da concentração dos contaminantes, até se atingir os níveis estabelecidos pela legislação ambiental ou definidos para o reúso do efluente tratado. Os principais métodos de tratamento de efluentes industriais são classificados em processos físicos, químicos e biológicos.
O tratamento físico faz a remoção de contaminantes sólidos e misturas coloidais em suspensão sedimentáveis ou flutuantes, por meio de separações físicas, utilizando processos como gradeamento, peneiramento, caixas separadoras de óleos e gorduras, desarenadores, filtração e flotação, dentre outros.
No processo de tratamento químico, os poluentes são removidos por meio de reações químicas que alteram a composição molecular do efluente, facilitando a separação dos contaminantes. Para isso, utilizam-se produtos específicos, como agentes de coagulação, floculação, neutralização de pH, oxidação e redução química.
De modo geral, as reações químicas ocorrem a partir da dosagem de reagentes específicos, determinados mediante simulações das reações em escala laboratorial, buscando encontrar o método de maior eficiência para o tratamento.
No caso do tratamento biológico, o processo é realizado por meio de bactérias e outros microrganismos que consomem a matéria orgânica presente, reduzindo seus níveis de contaminação. O tratamento pode ocorrer na presença ou na ausência de oxigênio, sendo denominados como processos aeróbios ou anaeróbios, respectivamente. Os resíduos aplicáveis a este tipo de tratamento devem apresentar características biodegradáveis e são comumente efluentes sanitários ou gerados em setores como o de alimentos e bebidas, papel e celulose, têxtil e de cosméticos.
A aplicação de cada método de tratamento, visando a redução da concentração dos contaminantes presentes, deve ser estabelecida a partir da caracterização do efluente, através de análises laboratoriais. É importante garantir que as análises realizadas sejam conduzidas por laboratórios com elevado controle de qualidade, para que as decisões de projeto sejam assertivas, por isso, é indicada a utilização de laboratórios com acreditação no Inmetro, ISO 17.025.
O efluente tratado pode ainda ser reusado em diversas aplicações, visando gerar a redução do consumo de recursos hídricos, como na lavagem de pisos, regas de jardim, em sanitários, torres de resfriamento, entre outros. Para isso, devem-se conhecer as aplicações desejadas ao reúso, os limites de concentrações e as normas técnicas cabíveis, para o que o sistema de tratamento seja dimensionado corretamente. Normalmente, as concentrações do efluente tratado para reúso são baixas e requerem a aplicação de tecnologias capazes de elevar sua pureza, como os sistemas de ultrafiltração ou de osmose reversa, também classificados como processos físicos.
Rosa Buccino <rosa.buccino@viveiros.com.br>