Estudantes sem saneamento têm atraso escolar de quase dois anos

A região Norte registrou o maior atraso escolar do país, com média de 2,4 anos


Sem acesso à água tratada e aos serviços de coleta e tratamento de esgoto, a população sofre com doenças relacionadas à falta de saneamento, o que afeta suas atividades cotidianas, como estudo, trabalho e lazer. Para um estudante do ensino médio, por exemplo, a ausência de saneamento básico compromete o desenvolvimento escolar e impacta diretamente a progressão para o mercado de trabalho. De acordo com o estudo do Instituto Trata Brasil “Futuro em risco: os impactos da falta de saneamento para grávidas, crianças e adolescentes”, alunos sem saneamento básico apresentam atraso escolar médio de 1,8 ano em comparação aos estudantes com acesso ao básico.

Tabela 1 - Cobertura de serviços de saneamento e defasagem na educação, final da adolescência Brasil, regiões e unidades da Federação, 2022
 

Estudantes sem saneamento têm atraso escolar de quase dois anos
 

O estudo ainda revela que a região Norte, onde apenas 62,4% da população atendida com abastecimento de água tratada e somente 14,3% da população com serviços de coleta de esgoto (dados do SNIS 2022), registrou o maior atraso escolar do país, com média de 2,4 anos. Por outro lado, o Sudeste do país, com 90,7% de cobertura de água tratada e 80,8% de coleta de esgoto, apresentou o menor atraso, com média de 1,5 ano.

De acordo com dados do Ministério da Saúde e do IBGE, ano-base 2022, quase 30 mil adolescentes foram internados por doenças associadas à ausência de saneamento básico. A incidência de doenças de veiculação hídrica, respiratórias e bucais na adolescência está fortemente relacionada à falta de saneamento. A maior ocorrência dessas doenças leva ao afastamento dos jovens de suas atividades rotineiras e reforça as condições desfavoráveis ao seu desenvolvimento físico e cognitivo.

A pesquisa do Trata Brasil, com base em informações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), avalia que alunos do último ano do ensino médio sem acesso a banheiro em casa têm mais dificuldades para entender ironia em tirinhas ou inferir o sentido da linguagem verbal e não verbal em notícias. Além disso, alunos sem acesso ao saneamento também terão desafios para resolver problemas com conceitos de progressão aritmética e relacionar gráficos a dados percentuais em tabelas.

Em 2024, mais de 4,3 milhões de pessoas se candidataram para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) , dos quais 1,6 milhão são concluintes do Ensino Médio. O impacto da falta de saneamento pode, infelizmente, ser decisivo para o desempenho desses estudantes.

Trata Brasil (comunicacao@tratabrasil.org.br)    

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