Abastecimento de água e saneamento no Brasil enfrentam riscos crescentes devido a eventos climáticos extremos

Capitais brasileiras enfrentam riscos críticos no saneamento e abastecimento devido a eventos climáticos


O abastecimento de água e o saneamento no Brasil enfrentam riscos crescentes devido a eventos climáticos extremos, como tempestades, ondas de calor e secas meteorológicas, intensificados pelas mudanças climáticas. Esses fenômenos impactam a qualidade e a distribuição de água, a eficiência de infraestruturas e a saúde pública. A informação é do estudo inédito “As Mudanças Climáticas no Setor de Saneamento: Como tempestades, secas e ondas de calor impactam o consumo de água?”, feito pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a Way Carbon.

As tempestades, que são os eventos climáticos extremos mais comuns no Brasil, coloca em vulnerabilidade o abastecimento de cidades que dependem de mananciais superficiais, que acumulam sedimentos após chuvas intensas. Isso prejudica a qualidade da água bruta e compromete as operações das Estações de Tratamento de Água (ETAs). As regiões mais afetadas incluem Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás e partes do sul e sudeste do Brasil, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Nessas áreas, chuvas intensas podem danificar ETAs, reduzir a eficiência do tratamento de água e interromper o fornecimento de energia, agravando o desabastecimento. Capitais como Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e Brasília (DF) apresentam os maiores riscos relacionados às tempestades. Em contrapartida, cidades do Nordeste, como Recife (PE), João Pessoa (PB) e Aracaju (SE), têm menor vulnerabilidade devido a características locais e infraestrutura mais preparada.

Já no saneamento, tempestades causam sobrecarga das redes de esgoto, especialmente em áreas com cobertura insuficiente. Isso resulta no transbordamento de efluentes e contaminação de corpos d’água, afetando ecossistemas e a qualidade de vida. Florianópolis (SC), Belém (PA) e Boa Vista (RR) estão entre as capitais mais suscetíveis a esses impactos.

Ondas de Calor

As ondas de calor, cada vez mais frequentes, geram desafios significativos para a gestão hídrica. O aumento da demanda por água e energia nas ETAs, combinado com a deterioração das infraestruturas devido ao calor, amplia os riscos de interrupções no fornecimento. Regiões como o Amazonas, sul de Mato Grosso do Sul, noroeste do Paraná e oeste de São Paulo são especialmente vulneráveis. Nessas áreas, a escassez de ETAs contribui para riscos mais elevados.

Capitais como Rio Branco (AC), Natal (RN), Fortaleza (CE) e João Pessoa (PB) são as mais expostas aos efeitos das ondas de calor, enquanto Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF) estão entre as menos afetadas.

No saneamento, o aumento no volume de efluentes processados pelas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) durante ondas de calor reduz a eficiência do tratamento e eleva os custos. Regiões como Santa Catarina e partes de Minas Gerais enfrentam altos índices de risco nesse quesito.

Secas

As secas prolongadas afetam a captação de água e aumentam os custos operacionais, especialmente em locais com baixa disponibilidade de ETAs. As áreas mais vulneráveis incluem o agreste e sertão nordestino, com destaque para Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Nessas regiões, a falta de alternativas para redistribuição de água agrava o desabastecimento.

No saneamento, a diminuição do fluxo de rios durante secas aumenta a concentração de poluentes, reduzindo a qualidade da água e elevando os riscos ambientais. Estados como Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte concentram os maiores índices de vulnerabilidade. Capitais como Fortaleza (CE), São Luís (MA) e Teresina (PI) são as mais impactadas por secas, enquanto cidades do sul, como Curitiba (PR), apresentam menor risco.

Segundo o Instituto Trata Brasil, os desafios impostos por eventos climáticos extremos exigem investimentos em infraestrutura resiliente, modernização de sistemas de tratamento de água e planejamento estratégico no Brasil. A integração de soluções inovadoras é fundamental para mitigar impactos, garantir a segurança hídrica e melhorar a gestão de riscos no saneamento.

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