Como a reciclagem impulsiona a economia circular e combate às emissões

Apesar de avanços importantes em temas como transição energética e financiamento climático, a discussão sobre a extração de recursos naturais


Por Rodrigo Oliveira

A transição para uma economia de baixo carbono exige que os debates climáticos globais avancem de forma mais incisiva em direção às soluções concretas. Entre as ações efetivas e subestimadas, a reciclagem se destaca como uma ferramenta essencial para mitigar os impactos das mudanças climáticas, reduzir emissões de carbono e preservar os recursos naturais.

Apesar de avanços importantes em temas como transição energética e financiamento climático, a discussão sobre a extração de recursos naturais e a ênfase na economia circular ainda não recebem a atenção necessária. Este é um ponto crucial que precisa ser abordado, especialmente em eventos de grande impacto como a COP30, que ocorrerá no Brasil, um país com enorme potencial para liderar a sustentabilidade global.

Estudos mostram que a extração e o processamento de recursos naturais são responsáveis por cerca de 50% das emissões globais de carbono e 90% da perda de biodiversidade, de acordo com o Painel Internacional de Recursos da ONU. A reciclagem é capaz de mitigar significativamente esses impactos, mantendo os materiais em ciclos produtivos e reduzindo a dependência de novas extrações. Essa é uma abordagem prática que permite a regeneração do meio ambiente e a construção de um futuro mais sustentável.

No entanto, apesar de sua eficiência comprovada, a reciclagem ainda é subaproveitada em muitas regiões. No Brasil, por exemplo, apenas 4% dos resíduos recicláveis são efetivamente reaproveitados, segundo dados da Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Isso reflete uma oportunidade gigantesca de transformação tanto ambiental quanto econômica. O mercado global de resíduos recicláveis é avaliado em mais de 400 bilhões de dólares, com potencial para gerar empregos, estimular inovações tecnológicas e criar cadeias produtivas mais sustentáveis.

Não podemos ignorar que as metas globais de emissões zero passam pela incorporação ampla da reciclagem. É essencial que a COP30, a ser realizada em solo brasileiro, traga essa questão para o centro do debate. O Brasil possui experiências relevantes a serem compartilhadas, como as soluções de logística reversa inteligente desenvolvidas pela Green Mining. Desde sua criação, nossa startup coletou e reciclou mais de 9,5 milhões de quilos de embalagens pós-consumo, evitando a emissão de 11 milhões de quilos de CO2. Esse é um exemplo prático de como iniciativas locais podem ter impacto global.

A reciclagem não é apenas uma solução antiga; é uma ferramenta moderna com um potencial revolucionário quando aplicada de forma estruturada e integrada. Com tecnologias como blockchain para rastreabilidade e sistemas de logística reversa inteligente, é possível transformar resíduos em recursos, gerando valor econômico e promovendo a sustentabilidade.

À medida que nos preparamos para receber a COP30, o Brasil precisa olhar para a oportunidade única que tem, de liderar o movimento pela economia circular no cenário global. É imperativo que unamos esforços entre setor público, iniciativa privada e sociedade civil para consolidar a reciclagem como pilar das estratégias climáticas globais. Se queremos resultados efetivos, é hora de pararmos de considerar a reciclagem como opção e tratá-la como prioridade.

Rodrigo Oliveira é CEO da Green Mining, startup brasileira pioneira em logística reversa inteligente e integrante do Pacto Global da ONU.

Thierre Silva (thierre@moaracomunicacao.com.br)    

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