As concessionárias privadas de saneamento estão investindo cada vez mais em programas internos de eficiência energética

Setor foca na redução de consumo e otimização operacional para reforçar a agenda de sustentabilidade e prevenção às mudanças climáticas


Em busca de redução no impacto ambiental e financeiro – e com metas de universalização dos serviços até 2033, de acordo com o marco legal do setor –, as concessionárias privadas de saneamento estão investindo cada vez mais em programas internos de eficiência energética.

Segundo levantamento da ABCON SINDCON, associação das operadoras privadas de saneamento, a adoção dessas iniciativas entre as empresas do segmento atinge 90% das concessionárias, índice significativo para uma atividade em que a energia elétrica chega a atingir 15% das despesas de exploração, com um custo médio de R$0,62/kWh, de acordo com os últimos dados disponíveis (2022).

Nos sistemas de abastecimento de água, o setor privado registra um consumo médio de 0,37 kWh/m³ de água produzida. Esse valor representa um consumo 44,8% abaixo em comparação à média geral do setor (0,67 kWh/m³), reforçando os impactos positivos das estratégias de eficiência implementadas.

Ao celebrar o Dia Mundial da Eficiência Energética (05.03), a diretora-executiva da ABCON SINDCON, Christianne Dias, afirma que os esforços das concessionárias de saneamento em reduzir custos operacionais nessa área fortalecem a agenda de sustentabilidade e prevenção às mudanças climáticas. Em ambas, o tratamento de água e esgoto desempenha papel fundamental.

“Os investimentos na universalização do saneamento no Brasil demandam cerca de R$ 900 bilhões e são, provavelmente, o maior programa ambiental em curso no mundo. Nesse contexto, a busca por maior eficiência energética tem sido uma prioridade para as empresas do setor, com a adoção de novas tecnologias, o que vem aprimorando o desempenho operacional e contribuindo para a preservação dos recursos naturais”, analisa a diretora da entidade.

Soluções tecnológicas – entre as alternativas adotadas pelas concessionárias de saneamento para eficiência energética estão o uso do biogás, usinas solares, investimentos em processos e equipamentos e a compra de energia no mercado livre.

O setor de saneamento é  um dos maiores produtores de biogás no Brasil, com destaque para a utilização dessa tecnologia na geração de energia elétrica e térmica, limpa e renovável. Em Ribeirão Preto, a concessionária GS Inima Ambient foi pioneira na implantação de um sistema de geração elétrica a partir do biogás.

Entre as concessionárias que estão investindo em novos sistemas de automação e telemetria estão a Águas de Colíder, operação do Grupo Iguá, no Mato Grosso. O sistema permite o monitoramento 24 horas por dia de uma série de informações, inclusive dos geradores de energia.

Regulação – por se tratar de um setor regulado, a capacidade de gestão do custo com energia elétrica por parte das concessionárias é limitada. Até 2018, por exemplo, as empresas de saneamento se beneficiavam de desconto na tarifa de energia elétrica oferecido pelo Governo Federal. Esse desconto, instituído pela Lei nº 10.438/2002, foi concedido com o objetivo de incentivar o setor a reduzir custos operacionais e facilitar a expansão dos serviços. No entanto, com a suspensão do desconto, o setor teve um aumento substancial nos custos de eletricidade.

Devido ao seu alto consumo de energia, o setor de saneamento tem grande potencial para se beneficiar do mercado livre de energia, que permite às empresas negociarem diretamente com os geradores ou comercializadores de energia, buscando melhores condições tarifárias e maior previsibilidade nos custos.

“A flexibilização das regras para maior acesso ao mercado livre seria um caminho estratégico para tornar o saneamento cada vez mais eficiente e ambientalmente responsável”, opina Christianne Dias, da ABCON SINDCON.

Renan Araújo (renan@agenciaemfoco.com.br)    

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