Especialmente a partir dos anos 1940, esse material sintético passou a substituir madeira, aço, marfim, entre tantos outros, também por conta de seu preço.
*Por Marcelo Okamura, presidente do inpEV e da Campo Limpo
Criado no início do século XX, o plástico se tornou item onipresente na sociedade moderna, já que é largamente aplicado nos mais diversificados artigos do nosso dia a dia. Desde as tradicionais embalagens de alimentos e remédios, passando por um incontável número de utensílios domésticos e chegando às mais variadas indústrias, como a da construção civil, automobilística, tecnologia, alimentícia, saúde, entre outras, o plástico está presente em nosso cotidiano como nenhum outro material.
Especialmente a partir dos anos 1940, esse material sintético passou a substituir madeira, aço, marfim, entre tantos outros, também por conta de seu preço. Embora suas vantagens, como durabilidade, leveza e versatilidade sejam notórias, toda essa onipresença e praticidade cobram um preço, já que na maioria das vezes, esse material não é devidamente descartado da maneira correta. Para se ter uma ideia, somente 9% do plástico é reciclado no mundo, os outros 91% têm destinações diversas, que podem ser prejudiciais ao meio ambiente.
Todos os anos, mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas ao redor do planeta, conforme o estudo Plastic pollution: Pathways to net zero, do banco Credit Suisse. E, segundo relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o uso do plástico pode triplicar até 2060, chegando a ultrapassar a barreira do 1 bilhão de toneladas.
Enquanto grande parte do plástico incorretamente descartado vai para aterros sanitários, que diga-se de passagem, estão cada vez mais lotados, outro tanto segue para rios, oceanos e solos, contaminando e poluindo as faunas terrestre e marinha. A queima de plástico, medida que já foi levantada como uma possível solução para diminuir a quantidade desse material na natureza também é contra-indicada, por conta da liberação de gases tóxicos que prejudicam tanto a nossa saúde quanto o meio ambiente.
Contudo, vale sempre lembrar que a poluição plástica é sim um problema, mas, o plástico em si é um material extremamente eficaz e de importância ímpar para a nossa sociedade. O que precisa ser feito é garantir o descarte adequado desse material, minimizando desperdícios e garantindo seu uso de forma a não impactar o meio ambiente.
Embora o cenário pareça fora de controle, a verdade é que os caminhos para um mundo mais sustentável, com uso racional do plástico, já estão traçados e devem atender pelos conceitos de reciclabilidade e de circularidade.
O primeiro é muito conhecido e difundido há anos e representa a capacidade que um material plástico tem de ser reciclado, ou seja, reaproveitado para que a partir dele nasça outro produto. Mas, você já tinha ouvido falar sobre circularidade?
Esse conceito significa usar plásticos (ou outros materiais) de forma mais eficiente, mantendo-os em uso pelo maior tempo possível, e então, reciclando-os para fazer novos produtos. Com a circularidade é possível fazer com que o plástico seja reciclado inúmeras vezes, fazendo com que a sua vida útil se estenda.
No Brasil, o segmento agrícola se destaca por reciclar mais de 91% das embalagens de defensivos agrícolas. Um número expressivo e que ostenta a importância do país quando o tema é economia circular. Também é importante lembrar que desde 2002, mais de 800 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas foram retiradas da natureza, poupando o meio ambiente e a sociedade como um todo.
O exemplo brasileiro, copiado por outros países, como Austrália e Argentina, foi viabilizado por conta da criação do Sistema Campo Limpo, programa brasileiro de logística reversa de embalagens vazias pós-consumo de defensivos agrícolas, gerido pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV).
Na prática, funciona assim: após utilizar o defensivo agrícola, o produtor rural devolve a embalagem em unidades de recebimento do Sistema Campo Limpo, que estão espalhados por todo o país. Em seguida, essas embalagens são direcionadas para recicladoras do próprio Sistema Campo, dentre elas, a Campo Limpo Plásticos, localizada em Taubaté (SP), que é responsável exclusivamente pela reciclagem e produção de embalagens de defensivos agrícolas.
A empresa foi a primeira em todo o mundo a disponibilizar para o mercado embalagens recicladas de defensivos agrícolas e já produziu mais de 100 milhões de unidades desde a sua fundação, em 2008.
A verdade é que o Brasil se tornou líder pelo exemplo e está passos à frente do mundo nesse quesito, quando pensamos em circularidade no agro. Dessa forma, ajudamos a reduzir o consumo de energia e de recursos, além de evitar a emissão de gases do efeito estufa, diminuindo também o uso de recursos naturais.
Campo Limpo Plásticos
Fundada em 2008, a Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A. atua como centro de desenvolvimento de novas tecnologias para reciclagem e produz embalagens plásticas para envase de defensivos agrícolas a partir da resina reciclada pós-consumo advinda do Sistema Campo Limpo. Esse processo é proprietário, conta com certificação UN para transporte terrestre e marítimo de produtos perigosos e recebeu uma patente verde pelo INPI.
Tudo começa com as embalagens vazias devolvidas pelos agricultores após tríplice lavagem ao Sistema Campo Limpo. A logística reversa destas embalagens realizada pelo inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) permite a economia circular das embalagens pós consumo dentro do próprio setor.
A companhia possui um complexo industrial que abriga duas subsidiárias localizadas na cidade de Taubaté (SP) e uma filial em Ribeirão Preto (SP), inaugurada em 2018.