Brasil enfrenta desafios ambientais crescentes que vão desde o desmatamento até a escassez hídrica

Datas internacionais destacam urgência da preservação de florestas e recursos hídricos diante de cenários críticos


O Brasil enfrenta desafios ambientais crescentes, que vão desde o desmatamento até a escassez hídrica e o agravamento das mudanças climáticas. No mês de março, marcado pelo Dia Internacional das Florestas (21), o Dia Mundial da Água (22) e o Dia da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas (26), especialistas reforçam a necessidade de ações urgentes para conter esses impactos. Empresas sustentáveis, como a Marulho, vêm mostrando que soluções inovadoras podem contribuir para a preservação ambiental. Fundada em 2019 por Beatriz Mattiuzzo e sediada em Ilha Grande, a Marulho transforma redes de pesca descartadas em bolsas, mochilas e outros produtos sustentáveis, destinando parte da receita para fortalecer a economia local e apoiar comunidades caiçaras.

Entre agosto de 2023 e julho de 2024, a Amazônia perdeu 6.288 km² de floresta, uma redução de 30,6% em relação ao período anterior, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Apesar da queda, os incêndios florestais na região atingiram seu maior número desde 2005 no início de 2024, intensificando a degradação ambiental. O Cerrado também sofre com a devastação: mais da metade de sua vegetação original já foi perdida, impactando diretamente a biodiversidade e os recursos hídricos, de acordo com uma pesquisa da MapBiomas.

A crise hídrica também se tornou uma realidade cada vez mais preocupante. Em 2023, a Amazônia enfrentou a pior seca em 120 anos, afetando mais de 420 mil crianças e interrompendo atividades escolares em comunidades ribeirinhas, segundo a UNICEF. O nível do Rio Negro atingiu seu menor patamar histórico, prejudicando a navegação e o transporte de mercadorias em Manaus. Além da escassez, a poluição da água agrava o problema. O despejo de esgoto sem tratamento compromete a biodiversidade e amplia o risco de doenças, conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

A crise climática, impulsionada pelo desmatamento e pelo aumento das emissões de gases do efeito estufa, já se reflete em eventos extremos no Brasil. Ondas de calor, secas prolongadas e chuvas intensas impactam a biodiversidade, a economia e as populações mais vulneráveis. Apesar de 95% da população reconhecerem as mudanças climáticas como uma realidade, segundo pesquisa do Instituto Ipsos, o negacionismo climático ainda influencia políticas públicas e econômicas, reduzindo a efetividade das ações ambientais.

Para Samara Oliveira, oceanógrafa e sócia da Marulho, é fundamental ampliar iniciativas de preservação e educação ambiental. “As florestas, a água e o clima estão interligados. O desmatamento compromete a qualidade da água e intensifica os efeitos das mudanças climáticas. Precisamos de políticas públicas eficazes, mas também de um engajamento maior da sociedade para reduzir o impacto ambiental”, afirma.

O Brasil já foi responsável por quase metade das perdas globais de florestas entre 2000 e 2005 e continua enfrentando desafios ambientais severos, segundo a FAO. Sem medidas eficazes, o país pode enfrentar crises ambientais ainda mais severas nos próximos anos. As datas comemorativas de março reforçam a necessidade de ações urgentes para proteger os recursos naturais e reduzir os impactos das mudanças climáticas.

Gabriel Massimini (gabriel@mention.net.br)    

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